Este Blog tem por objetivo explorar temas relacionados à Educação Cristã e ao Ensino Bíblico. Acredito que o conhecimento das Escrituras é essencial para o crescimento espiritual e a formação de discípulos comprometidos. Neste espaço, compartilho insights, reflexões e recursos para enriquecer sua jornada de fé.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

LIÇÃO 2 - O CORPO - A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

 3° TRIMESTRE DE 2025  EBD ADULTOS


TEXTO ÁUREO
“Eu te louvarei, porque de um terrível e modo maravilhoso fui tão formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” 
(Salmos 139.14)

VERDADE PRÁTICA
A ciência busca desvendar os mistérios do corpo humano, mas o crente descansa em saber que é obra da poderosa e perfeita mão de Deus.


LEITURA DIÁRIA

 Segunda – Hebreus 11.3 
 ■ A fé produz entendimento


 Terça – Salmos 33.15
 ■
Deus forma espírito e alma de todos os homens


 Quarta – Levítico 19.28
 ■ Não é conveniente fazer marcas no corpo


 Quinta – 1 Crônicas 21.23,24
 ■ O culto é um sacrifício pessoal


 Sexta – 1 Timóteo 2.8
 ■ Oração com mãos levantadas


 Sábado – 1 Tessalonicenses 4.4
 ■
Possuindo o corpo em santificação e honra



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Salmos 139.1-4,13-18

1 — Senhor, tu me sondaste e me conheces.
2 — Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento
3 – Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
4 – Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.
...
13 — Pois possuíste o meu entreteceste-me interior; ventre de minha mãe. 
14 – Eu te louvarei, porque de modo terrível e tão um maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
15 — Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como profundezas da terra. 
16 – Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.
17 – E quão preciosos são para ό Deus, os teus  pensamentos! Quão grande é a soma deles!
18 – Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.


Hinos Sugeridos: 124 • 511 • 578 da Harpa Cristã



■  INTRODUÇÃO
Há séculos o racionalismo e o cientificismo procuram explicar a existência humana. Segundo seus propagadores, essas escolas de pensamentos teriam suficientes respostas para o homem em sua busca de compreensão da realidade. Apesar disso, razão e ciência não conseguem desvendar nem mesmo todos mistérios do corpo humano. Como resultado, o homem pós-moderno vive uma grande crise de identidade. Somente pela fé, por meio das Escrituras Sagradas, temos respostas sobre nossa constituição e existência.

Palavra-Chave: Corpo

I – A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS
1. Do pó da terra. Em sua sabedoria e infinito poder, Deus fez o corpo do homem (adam) do pó da terra (adamah) (Gênesis 2.7); uma estrutura magnífica composta, segundo estimativas, por cerca de 37 trilhões de células, tecidos, órgãos e sistemas, cujo funcionamento desafia a mais moderna ciência. Como o Criador, valendo-se de uma matéria-prima tão comum, fez uma obra tão extraordinária, complexa e completa? Esse mistério só pode ser entendido pela fé, como tudo o mais que Deus criou no Universo (Hebreus 11.3 • Atos 17.22-28 • Romanos 11.33-36).

2. Deus, o Autor da vida. De uma das costelas de Adão, formou Deus a mãe de todos os viventes, Eva, em um corpo igualmente maravilhoso, porém, tão distinto em anatomia, fisiologia e genética (Gênesis 1.27; 3.20). Em relação a como os descendentes dos primeiros pais são formados no ventre materno, as Escrituras mostram que assim como na formação do primeiro homem e da primeira mulher, Deus é o Autor das vidas de todas as pessoas (Salmos 139.13-15 • Jeremias 1.5).

3. A individualizada formação integral. Deus forma espírito, alma e corpo de cada ser humano, conforme ocorre o ato de procriação que Ele mesmo estabeleceu, pela união íntima de homem e mulher (macho e fêmea) (Gênesis 4.1 • Salmos 33.15 • Zacarias 12.1 • Isaías 57.16). As Escrituras falam claramente da existência de vida humana completa (corpo, alma e espírito) ainda no ventre (Gênesis 25.22 • Lucas 1.15,39-44 • Gálatas 1.15). Isso ressalta a grande perversidade do aborto e aponta para o sublime valor da maternidade, que deve ser cercada de cuidado e proteção e conduzida em temor, amor e devoção (Salmos 127.3-5 • Salmos 128.3). Uma boa nutrição física, afetiva e espiritual deve começar desde o início da gestação.


SINOPSE I
Deus, com sabedoria e poder, criou 0 corpo humano de forma extraordinária e única.

II – O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS
1. O divino tecelão. Em linguagem poética, Davi descreve a ação divina na formação do corpo humano no ventre materno apresentando Deus como o tecelão (Salmos 139.13-15). A Bíblia na versão Tradução Brasileira (TB) usa a expressão “primorosamente tecido”, adjetivando a ação divina descrita nos versículos 13 e 15. Embora a Bíblia não dependa de confirmação, é relevante considerar que a ciência reconhece a formação dos órgãos e sistemas do corpo humano exatamente dos tecidos formados pelas células presentes no embrião.

2. Entendimento e louvor. A compreensão da maravilhosa obra divina na um e formação do corpo humano liberta-nos de toda especulação e dúvida e produz sentimento de gratidão e louvor. Davi declarou: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Salmos 139.14). No mesmo versículo o salmista usa a expressão “a minha alma sabe muito bem”, o demonstrando verdadeira como a fé produz entendimento e percepção espiritual corretos, gerando quietude interior. Quando o homem não se reconhece como obra do Criador, vive inquieto em busca de explicações sobre si mesmo e se torna vítima dos mais variados enganos, como a teoria evolucionista. Não glorifica a Deus e se perde em um mundo de idolatria e depravação (Romanos 1.18-32).

3. O perigo dos extremos. Desde os tempos antigos, a humanidade tem oscilado entre dois extremos sobre o valor e a importância do corpo. De um lado, correntes de pensamento como o maniqueísmo, o platonismo e o gnosticismo espalharam ideias que viam a matéria de forma negativa, considerando o corpo algo essencialmente mau. De outro lado, havia o culto ao belo, como na Grécia Antiga. O desequilíbrio permanece. Vícios, automutilações e outras atitudes extravagantes deformam e desonram o corpo (Levítico 19.28 • Provérbios 23-29-35 • 1 Tessalonicenses 4.4). Por outro lado, há o narcisismo moderno, marcado pela supervalorização do corpo em detrimento da alma e do espírito. A idolatria do “eu” leva à prática excessiva de selfies, publicações de si mesmo em redes sociais, cuidados estéticos, cosméticos e físicos em excesso (2 Timóteo 3.2 • 1 Pedro 3.3-5). Cuidar do corpo é importante, mas sem exageros. O cristão deve ser equilibrado em tudo (1 Coríntios 6.12).

4. Princípios ou regras? Quando falamos em corpo temos a tendência de logo pensar em regras, mas o viver cristão moderado consiste, acima de tudo, na observância dos princípios bíblicos. Um deles é fazer tudo para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31). Aplicável às práticas mais simples de nosso cotidiano, é um parâmetro espiritual mais eficaz que regras rígidas e inflexíveis, que podem nos levar ao legalismo (Mateus 23.1-7,23). Devemos sempre refletir: o que fazemos com o nosso corpo glorifica a Deus ou visa agradar a nós mesmos (Romanos 14.21;15.1-7)?


SINOPSE II
O corpo humano glorifica a Deus por admirável, sua formação devendo ser cuidado com equilíbrio e usado segundo princípios bíblicos.


III – O CORPO E A COLETIVIDADE
1. A prática relacional. Deus nos fez seres relacionais, gregários, sociáveis. Isso está explícito na ordem de procriação e enchimento da terra (Gênesis 1.28). Por isso, temos necessidades e deveres que vão além de nossa individualidade. Não fomos criados para viver isolados social ου afetivamente. Embora os recursos digitais tragam muitas comodidades para o homem moderno, o contato físico continua sendo essencial para a vida humana. A troca de afetos por meio de expressões corporais não é substituída pela frieza da tecnologia. Tiago qualifica a verdadeira religião e a fé viva por práticas relacionais reais, que exigem o envolvimento do corpo (Tiago 1.27 •  2.14-18). Como está nossa comunhão?

2. A prática congregacional. O corpo é um elemento fundamental do culto divino. As Escrituras nos advertem da necessidade da reunião coletiva, da vida congregacional (Hebreus 10.24,25). Muitos têm sido seduzidos e enganados pelos falsos discursos dos que criticam a igreja como instituição, sugerindo o cultivo de uma fé individual ou meramente virtual. Sejamos sábios e prudentes: o movimento dos desigrejados é antibíblico e à altamente prejudicial verdadeira vida cristã (Efésios 4.1-3 •  1 Tessalonicenses 5.11-15).

3. Tecnologia e culto. O corpo precisa não apenas estar presente no templo, mas envolver-se diretamente com o culto. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos enfatizam o aspecto corporal intenso da adoração (2 Crônicas 7.1-4 • Salmos 127.4 •  100.2-4 • Atos 2.41-47). Deus quer a expressão de todo o nosso corpo em louvor ao seu nome (Salmos 150.6 •  Atos 4.24,31 •  1 Coríntios 14.26 •  1 Timóteo 2.8). Os recursos tecnológicos da atualidade, como drones, telões, celulares e tablets são muito úteis, mas se usados sem moderação podem nos distrair ou deixar inertes no culto. Até a educação secular já reconhece os prejuízos desse exagero tecnológico!


SINOPSE III
O corpo deve ser instrumento de comunhão e adoração coletiva, valorizando os relacionamentos e 0 culto presencial.

 CONCLUSÃO
A verdadeira adoração ao Criador abrange a integralidade de nosso ser, o que inclui todo o nosso corpo (Romanos 12.1 •  1 Coríntios 6.20). Reconhecer-se como obra das mãos de Deus leva-nos a nos render à sua soberania e permanecer confiando em seu eterno poder (Jó 1.20-22 •  2.10 •  19.25-27). Que saibamos possuir nosso corpo em santificação e honra (1 Tessalonicenses 4.4).



REVISANDO O CONTEÚDO


1. O que a Bíblia fala sobre o começo da vida humana integral (corpo, alma e espírito)?
As Escrituras falam claramente da existência de vida humana completa (corpo, alma espírito) ainda no ventre (Gênesis 25.22 •  Lucas 1.15,39-44 •  Gálatas 1.15)

2- Como Davi apresenta Deus no processo de formação do corpo humano?
Em linguagem poética, Davi descreve a ação divina na formação do corpo humano no ventre materno apresentando Deus como o tecelão (Salmos 139.13-15).

3. Quais os extremos quanto ao valor e importância do corpo?
De um lado há correntes que consideram essencialmente 0 corpo algo mau; por outro, há os que supervalorizam o corpo em detrimento da alma e do espírito.

4. Por que precisamos da vida comunitária?
Deus nos fez seres relacionais, gregários, sociáveis. Isso está explícito na ordem de procriação e enchimento da terra (Gênesis 1.28).

5. Que perigos os recursos tecnológicos apresentam em relação ao culto?
Os recursos tecnológicos da como drones, atualidade, telões, celulares e tablets são muito úteis, mas usados sem moderação podem nos distrair ou deixar inertes no culto. 



VOCABULÁRIO

Racionalismo: conjunto de teorias filosóficas (platonismo, cartesianismo etc.) fundamentadas na suposição de que a investigação da verdade, conduzida pelo pensamento puro, ultrapassa em grande medida os dados imediatos oferecidos pelos sentidos e pela experiência.


• Cientificismo: concepção filosófica de matriz positivista que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.), por ser a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar autêntico rigor cognitivo. 



NÃO SAIA SEM ANTES

• Deixar um comentário
• Se Inscrever no Blog
• Compartilhar com seus amigos!

LIÇÃO            2    3    4    5    6    7    8    9    10    11    12    13



Me siga:


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

LIÇÃO 1 - O HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO

 4° TRIMESTRE DE 2025  EBD ADULTOS


Neste novo trimestre, somos convidados a mergulhar na sublime revelação da natureza humana conforme as Escrituras. A primeira lição nos conduz ao princípio de tudo: o homem criado por Deus, formado do pó da terra e vivificado pelo sopro divino. Um ser tricotômicocorpo, alma e espírito — feito à imagem e semelhança do Criador, com propósito eterno de glorificá-Lo com todo o seu ser.


TEXTO ÁUREO
E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo
o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo." 
(1 Tessalonicenses 5.23)

O texto áureo nos lembra que Deus deseja santificar-nos por completo, conservando-nos irrepreensíveis em espírito, alma e corpo até a vinda de Cristo

VERDADE PRÁTICA
Deus nos fez corpo, alma e espírito para glorificá-lo eternamente com todo o nosso ser.

A verdade prática desta lição é clara e profunda: fomos criados para glorificar a Deus integralmente.

LEITURA DIÁRIA

 Segunda – Salmos 8.3-9
 ■ O homem é pouco menor que os anjos


 Terça – Daniel 7.15
 ■
O espírito abatido dentro do corpo


 Quarta – Zacarias 12.1
 ■
Deus forma o espírito dentro do homem


 Quinta – Jó 7.11
 ■
Jó menciona corpo, alma e espírito


 Sexta – Apocalipse 20.4
 ■ As almas dos degolados pelo testemunho de Jesus


 Sábado – Efésios 3.16
 ■
O homem interior consiste no espírito e na alma



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Gênesis 1.26-28 • 2.7,18,21-23

Gênesis 1

26 — E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nosso semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27 — E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
2B — E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multíplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

Gênesis 2

7 — E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o Íôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
...
18 — E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.
...
21 — Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.
22 — E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.
23 — E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, por quanto do varão foi tomada.


Hinos Sugeridos: 5 • 296 • 427 da Harpa Cristã



■  INTRODUÇÃO
Deus criou o homem de forma especial, com um propósito especial (Gênesis 1.27,28), como um ato de coroamento de sua criação. E fez isso de maneira sublime e distinta em relação a todos os demais seres viventes. Muito além da expressão "produza a terra", a partir da qual foram criados os animais (Gênesis 1.24), o homem é resultado de uma ação divina, pessoal e plural (Gênesis 1.26). Sua formação é constituída de uma modelagem sobrenatural — "do pó da terra" — e pelo sopro de Deus em seus narizes (Gênesis 2.7). Neste trimestre, estudaremos essa solene, maravilhosa e exclusiva criação, bem como a importância de uma vida equilibrada e saudável no espírito, na alma e no corpo, sob a perspectiva cristã. Abordaremos a Queda e a Redenção, firmados na esperança de nosso completo, iminente e eterno retorno ao Criador (1 Tessalonicenses 4.15-17).

Palavra-Chave: Tricotomia

I – A TRICOTOMIA HUMANA
1. Doutrina e teologia. A Doutrina do Homem está fundamentada em toda a Escritura, numa revelação suficiente para demonstrar quem é o homem, como foi criado e com que propósito (Gênesis 1.26-29 • 2.15 • Salmos 8.3-9 • Efésios 1.3-6). No campo da Teologia Sistemática, ela é conhecida como Antropologia Bíblica, que estuda o homem desde sua origem, constituição e existência, considerando o período anterior à Queda, o pecado original e suas consequências, o plano redentor e a eternidade. Relaciona-se com todas as outras grandes doutrinas da Bíblia e responde às intrigantes e milenares perguntas: Quem é o homem? De onde veio? Para onde vai? 
Em um tempo de tanta psicologização da fé e intensa busca de respostas para os problemas humanos em concepções não cristãs, um piedoso e profundo estudo das Escrituras é cada vez mais necessário e urgente, a fim de desfazer toda e qualquer dúvida existencial e gerar uma fé bíblica genuína, sadia e equilibrada (1 Coríntios 2.1-16 • 2 Timóteo 3.16,17 • Hebreus 4.12).

2. A tríplice natureza. A teologia utiliza o termo "tricotomia" para tratar da tríplice constituição do ser humano: o corpo, a alma e o espírito. Essas três substâncias, ou componentes do homem, são descritas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Deuteronômio 4.9 • Salmos 42.11 • 139.16 • Daniel 7.15 • Zacarias 12.1 • Mateus 10.28 • Lucas 1.46,47 • 1 Co 14.14,15).
O próprio Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado — plenamente homem e plenamente Deus — possuía essa constituição (Lucas 24.39 • João 12.27  Lucas 23.46). A primeira divisão — as partes material e imaterial — é explicitamente apresentada no ato de formação do homem: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente” (Gênesis 2.7).

3. Físico e espiritual. O processo formativo usado pelo Criador, que é Espírito (João 4.24), foi constituído de uma combinação única: o elemento físico (pó da terra) com o elemento espiritual (o sopro divino), tornando o homem um ser vivente diferente de todos os demais. Os anjos são seres espirituais, porém sem corpo material (Salmos 33.6 •  Hebreus 1.13,14). Os animais não possuem a parte imaterial que há no homem (alma e espírito). A “alma” do animal (sua vida) se restringe ao corpo e se esvai com ele (Levítico 17.12-14). Já o termo hebraico para “vida”, em Gênesis 2.7, alusivo ao homem, é chayim (no plural), permitindo a expressão literal “fôlego das vidas”. Isso pode significar que, em um único substantivo, o texto sagrado esteja aludindo implicitamente à vida do espírito humano, da alma humana e do corpo humano.


SINOPSE I
O ser humano foi criado por Deus com uma natureza tricotômica - corpo, alma e espírito - revelando seu propósito e dignidade única na criação.

II – A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
1. A alma. Do hebraico nephesh e do grego psyché, “alma” é uma das muitas palavras polissêmicas da Bíblia — possui vários significados. Aparece 755 vezes somente no Antigo Testamento. Seu primeiro sentido é “ser vivo”, como em Gênesis 1.20: “alma vivente”. Nesta acepção, a palavra “alma” é usada também para os animais (Gênesis 1.24) e significa simplesmente “vida”. 
A distinção entre a alma do homem e a do animal é evidenciada no processo criativo: procedente do sopro de Deus (Gênesis 2.7), a alma do homem constitui uma substância espiritual, incorpórea, invisível e imortal (Daniel 12.2 • Mateus 25.46 • Lucas 16.22-25 • Apocalipse 20.4). É dotada de razão, sentimento e vontade — atributos dados por Deus ao homem para o exercício de sua missão (Gênesis 1.28), especialmente sua vocação relacionai com o Criador e com os semelhantes (Gênesis 2.15-24 • 3.8). Isso, aliás, decorre do fato de o homem ser um ser pessoal, criado à imagem de Deus (Gênesis 1.26).

2. O espírito. Do hebraico ruah e do grego pneuma, o espírito do homem provém de Deus e constitui sua principal dimensão. É por meio dele que mantemos nossa comunhão com o Criador, o Pai dos espíritos, e o adoramos (Hebreus 12.9 • João 4.23,24). Junto com a alma, e inseparável dela, compõe a parte imaterial do ser humano. É o “homem interior” que, na linguagem do apóstolo Paulo, aparece algumas vezes em contraste direto com o corpo, o homem exterior (Romanos 7.22-25 • 2 Coríntios 4.16-18 • Efésios 3.16-19). Como ensina o pastor Antônio Gilberto, em sua Bíblia com Comentários, “à luz das Escrituras, o espírito é a fonte da vida recebida de Deus. O espírito usa e transmite essa vida à alma, que, por sua vez, a expressa por meio do corpo, utilizando seus sentidos físicos para explorar o mundo exterior e dele receber as necessárias impressões”. São três elementos que formam um único ser ou pessoa.


SINOPSE II
A distinção entre alma e espírito, mostrando que ambos compõem a parte imaterial do ser humano, mas com funções diferentes na relação com Deus e com o próximo.

III – A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES
1. Corpo, afetos e somatização. O corpo (gr. soma) é a parte material do ser humano, por meio da qual comumente manifestamos os atributos da alma e do espírito. Empregando o vocábulo “coração” (heb. leb; gr. kardia) — uma das principais palavras que o Antigo e o Novo Testamentos usam como sinônimo de alma —, Salomão bem identificou essa interação ao afirmar: “O coração alegre aformoseia o rosto” (Provérbios 15.13); “O coração com saúde é a vida da carne” (Provérbios 14.30); “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos” (Provérbios 17.22). Identificados como doenças psicossomáticas a partir do século XX, muitos problemas físicos decorrem de crises da alma (e também do espírito, inclusive pecados, cf. Salmos 31.9,10 • 32.1-5). E como se multiplicam em nossos dias!

2. Equilíbrio e saúde. Da mesma forma que o corpo padece por causa de disfunções da alma e do espírito, estes também sofrem por problemas do corpo — naturais ou não. A língua é um dos membros que mais produzem angústias ao ser humano (Provérbios 18.7,21 • 21.23). Tem o nefasto poder de contaminar a pessoa por inteiro (Tiago 3.6). Um viver santo e equilibrado requer constante vigilância e oração, preservando corpo, alma e espírito de toda a espécie de males, o que inclui cuidados físicos e relacionais saudáveis (Colossenses 3.5-9 • Efésios 4.25-32 • 6.18). 
Quanto à crescente busca por medicamentos como solução para todo tipo de problema emocional, é preciso discernimento e cautela. O acompanhamento médico e psicológico é importante em situações clinicamente diagnosticadas, mas, quando o problema tem origem espiritual — como crises produzidas por pecados não confessados —, os medicamentos não resolvem; no máximo, aliviam os sintomas. Arrependimento e abandono do pecado são essenciais para a verdadeira cura da alma (Colossenses 3-8 • Efésiois 4.31 • Tiago 4.6-10 • 2 Crônicas 7-14 • Isaías 53-4,5).


SINOPSE III

O corpo, a alma e o espírito estão interligados. O equilíbrio entre essas dimensões é essencial para uma vida cristã saudável e plena diante de Deus.

 CONCLUSÃO
Uma correta compreensão espiritual acerca do homem, de sua constituição e propósito é fundamental para uma vida cristã equilibrada (1 Coríntios 2.14,15). Mesmo as almas mais piedosas não encontram verdadeira paz e alegria senão em Deus, o seu Criador (Salmos 42.1 • João 14.27), pois “a alegria do Senhor é a [nossa] força” (Neemias 8.10).


REVISANDO O CONTEÚDO


1. Como é conhecida a Doutrina do Homem no campo da Teologia Sistemática?
No campo da Teologia Sistemática, ela é conhecida como Antropologia Bíblica.

2. A que perguntas milenares a Doutrina do Homem responde?
Responde às intrigantes e milenares perguntas: Quem é o homem? De onde veio? Para onde vai?

3. Qual o significado de tricotomia?
A teologia utiliza o termo “tricotomia” para tratar da tríplice constituição do ser humano: o corpo, a alma e o espírito.

4. Qual a distinção entre a alma dos animais e a alma do homem?
A distinção entre a alma do homem e a do animal é evidenciada no processo criativo: procedente do sopro de Deus (Gênesis 2.7), a alma do homem constitui uma substância espiritual, incorpórea, invisível e imortal (Daniel 12.2 • Mateus 25.46 • Lucas 16.22-25 • Apocalipse 20.4).

5. Como conceituar “espírito”?
Do hebraico ruah e do grego pneuma, o espírito do homem provém de Deus e constitui sua principal dimensão. É por meio dele que mantemos nossa comunhão com o Criador, o Pai dos espíritos, e o adoramos.


NÃO SAIA SEM ANTES

• Deixar um comentário
• Se Inscrever no Blog
• Compartilhar com seus amigos!

LIÇÃO            2    3    4    5    6    7    8    9    10    11    12    13



Me siga:


quarta-feira, 10 de setembro de 2025

BODE EXPIATÓRIO


A expressão “bode expiatório” é amplamente utilizada no cotidiano para se referir a alguém que é injustamente responsabilizado por erros ou falhas alheias. No entanto, sua origem é profundamente enraizada na tradição bíblica do Antigo Testamento, mais especificamente no ritual do Dia da Expiação (Yom Kippur), descrito no livro de Levítico, capítulo 16.

• Contexto Bíblico e Ritual Judaico
No antigo Israel, o Dia da Expiação era o momento mais solene do calendário religioso. Era o dia em que o sumo sacerdote realizava um ritual para purificar o povo de seus pecados e restaurar a comunhão com Deus. Esse ritual envolvia dois bodes:

Um bode para o Senhor – Este era sacrificado como oferta pelo pecado. Seu sangue era levado ao Santo dos Santos e aspergido sobre o propiciatório da arca da aliança, simbolizando a expiação dos pecados do povo.

O bode emissário (ou bode expiatório) – Este não era sacrificado. Em vez disso, o sumo sacerdote impunha as mãos sobre sua cabeça, confessando os pecados de toda a nação. O bode, carregando simbolicamente os pecados do povo, era então levado ao deserto e solto, afastando-se da comunidade, como sinal de que os pecados haviam sido removidos.

O termo hebraico usado para esse bode é “Azazel”, cuja interpretação é debatida. Alguns estudiosos entendem Azazel como o nome de um lugar desértico ou de um ser espiritual, enquanto outros o veem como uma representação simbólica da remoção do pecado.

• Significado Espiritual e Teológico
O bode expiatório representa a transferência da culpa e a libertação do juízo divino. É uma imagem poderosa da misericórdia de Deus, que oferece meios para que o pecado seja afastado da comunidade. Esse ritual apontava profeticamente para a obra redentora de Jesus Cristo, que, segundo a teologia cristã, tornou-se o verdadeiro “bode expiatório” ao carregar sobre si os pecados da humanidade e morrer em lugar dos culpados.

Como está escrito em 53.4-7:

⁴ Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
⁵ Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
⁶ Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
⁷ Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.  

• Uso na Linguagem Popular
Com o tempo, a expressão “bode expiatório” passou a ser usada fora do contexto religioso, ganhando um sentido figurado. Hoje, ela descreve qualquer pessoa ou grupo que é culpabilizado injustamente para que outros escapem da responsabilidade. É comum em contextos políticos, sociais e até familiares, onde alguém é escolhido para “levar a culpa” por algo que não fez.

• Reflexão Pastoral
A figura do bode expiatório nos convida a refletir sobre a justiça, a misericórdia e a responsabilidade. Em um mundo que frequentemente busca culpados em vez de soluções, o ensinamento bíblico nos lembra que o verdadeiro perdão exige reconhecimento do erro, arrependimento e graça. E que, em Cristo, temos não apenas um substituto, mas um Salvador que voluntariamente se fez maldito por nós, para que fôssemos reconciliados com Deus.


Me siga:


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

CORNÉLIO: O CENTURIÃO QUE ABRIU AS PORTAS AOS GENTIOS



Cornélio era um centurião romano da coorte chamada Italiana, localizada em Cesareia Marítima — uma cidade portuária e centro administrativo da Judeia. Embora fosse gentio, ou seja, não judeu, Cornélio se destacava por sua fé sincera. Era descrito como “piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa”; alguém que praticava a oração constante e fazia muitas esmolas ao povo.

Esse perfil já o tornava incomum entre os romanos, mas o que realmente marcou sua história foi uma visão divina. Por volta da hora nona (cerca de 15h), Cornélio viu claramente um anjo que o chamou pelo nome e lhe disse: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus”. 

O anjo então o instruiu a enviar homens à cidade de Jope para buscar Simão Pedro, que estava hospedado na casa de um curtidor junto ao mar.

Enquanto os mensageiros viajavam, Pedro também teve uma visão: um lençol descia do céu contendo animais considerados impuros pela lei judaica, e uma voz dizia: “Levanta-te, Pedro! Mata e come.” Pedro recusou, mas a voz respondeu: “Ao que Deus purificou não consideres comum”.

Essa revelação preparava Pedro para algo maior — a quebra de barreiras entre judeus e gentios.

Ao chegar à casa de Cornélio, Pedro foi recebido com reverência, mas recusou ser adorado, dizendo: “Levanta-te, que eu também sou homem.” 

Diante de parentes e amigos reunidos, Pedro proclamou que “Deus não faz acepção de pessoas” e anunciou o evangelho de Jesus Cristo. Enquanto falava, o Espírito Santo desceu sobre todos os presentes, mesmo sendo gentios — um momento revolucionário que levou Pedro a ordenar que fossem batizados.

A conversão de Cornélio não foi apenas pessoal. Ela representou um divisor de águas: a confirmação de que o evangelho era para todos, sem distinção de origem, cultura ou tradição. Cornélio tornou-se símbolo da inclusão divina e da expansão da Igreja Primitiva para além das fronteiras judaicas.


Me siga: