Há momentos em que a alma se encontra em um vale profundo, cercada por sombras de angústia, medo e confusão. O coração bate acelerado, não por alegria, mas por aflição. Os pensamentos se embaralham, e o espírito clama por alívio. Foi nesse cenário que Davi escreveu os versos de Salmos 55.1-8 — um grito sincero de quem está entre dois caminhos: enfrentar a dor ou fugir dela.
“Inclina, ó Deus, os teus ouvidos à minha oração, e não te escondas da minha súplica.” - Versículo 1.
Davi não começa com força, mas com fraqueza. Ele não inicia com louvor, mas com súplica. Seu coração está ferido, e sua alma está inquieta. Ele não pede vitória, pede atenção. O primeiro passo para enfrentar qualquer dor é reconhecer que precisamos de Deus. Fugir pode parecer mais fácil, mas não cura. Enfrentar exige fé, mas traz restauração.
“Sinto-me perplexo em minha queixa e ando perturbado…” - Versículo 2.
A perplexidade é o retrato de quem não entende o que está acontecendo. Davi está confuso, perturbado, como quem perdeu o chão. Quantas vezes nos sentimos assim? Quando a traição vem de quem amamos, quando a injustiça nos atinge, quando o medo nos paralisa. A alma quer fugir, mas o espírito sabe que só em Deus há resposta.
“Temor e tremor me sobrevêm, e o horror me cobriu.” - Versículo 3.
Aqui, Davi revela o impacto emocional da dor. Ele não está apenas triste — está aterrorizado. O tremor não é físico, é espiritual. O horror não está fora, está dentro. E então, ele expressa um desejo que muitos já sentiram:
“Quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso.” - Versículo 6.
Esse é o clímax do conflito: fugir parece ser a solução. Voar para longe, escapar do problema, se esconder no deserto. Davi não quer enfrentar — ele quer desaparecer.
Mas o deserto não cura, apenas silencia por um tempo. Fugir não resolve, apenas adia. E mesmo que voássemos como pombas, o coração nos seguiria.
“Apressar-me-ia a escapar da fúria do vento e da tempestade.” - Versículo 8.
A tempestade é real. O vento é forte. Mas há um abrigo que não está no deserto, está em Deus. Davi começa o salmo pedindo que Deus incline os ouvidos. E essa é a chave: não é sobre fugir ou enfrentar com nossas forças, mas sobre confiar que Deus está ouvindo.
Pense nisso:
Fugir é humano. Enfrentar é divino. E quando não temos forças para lutar, podemos clamar como Davi. Deus não se esconde da súplica sincera. Ele não despreza o coração quebrantado. Ele não exige coragem perfeita, mas fé verdadeira.
Se hoje você está diante de uma dor que te faz querer fugir, lembre-se: Deus está inclinado para ouvir sua oração. E quando Ele ouve, Ele age. Não fuja da dor — enfrente-a com Deus ao seu lado. Pois o Senhor é refúgio, é força, é abrigo na tempestade.



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